quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vodka e umas palavras


Ele sai pensando que fortalece as suas armas quando desvia uma rua pra não esbarrar comigo.

“Isso acontece mesmo?”

Não sei. É porque já fiz isso algumas vezes, mas só suponho e catalogo isso como uma atitude tola.

“Você parece até ser madura falando isso.”

Eu posso até não 'ser' madura, mas muita coisa sobre maturidade a gente aprende sendo infantil.

"Batendo o pé e pedindo um beijo, pedindo que 'fique comigo até amanha' – É uma espécie de 'só mais um pouco' que não será suficiente nunca."

"O desapego é um negócio cruel."

O desapego é uma modalidade de arte, e por ser assim é que achamos bonito quem o pratica, e na verdade não sabemos a essência da dor que esse negócio causa. E causa mesmo.

“Quer saber de uma coisa? Eu acredito que ele desvie mesmo o caminho pra não encontrar com você. E acho mais, embora seja só achismo, acredito que ele tenta não sentir, quando tentar não muda muita coisa. Entendeu?”

Você quis dizer que o fato dele fazer tudo para não continuar, para não estar junto, não implica que ele não goste de mim. Foi isso?

“Foi. E pelo o que vejo ele sempre foge da estrada.”

Eu não o conheço. Seria conveniente cantar pra ele uma música do Zeca que é quase um clichê de mesa de bar rodeada por mulheres desapegadas.

“Qual é a música?”

Ah sim! Essa: 'de você, sei quase nada, pra onde vai nem porquê veio, nem mesmo sei qual é a parte da tua estrada no meu caminho'...

“E o que você entende disso tudo?”

Háháhá! Eu não entendo absolutamente nada e passei a não compreender, também, os meus instintos e anseios.

“Espero que essa situação em que você está não te faça mudar a idéia de amar. Não acredito que ele fosse a pessoa certa a estar com você, se fosse, estaria com você. Ele deve ter lá as suas razões. Procure entendê-lo, não sinta raiva, e ame todas as vezes que der certo.”

Ei, não vou mudar – tá me chamando de fraca? Olhe, embora eu não veja a flexibilidade como um defeito, eu poderia tranquilamente mudar de opinião e repudiar sentir amor. Mas amar é bom. Eu gosto. E lembra daquela vez que tu perguntou porque eu queria um cachorro? Eu te disse que é porque eu queria produzir mais amor, amar mais.

“Lembro não, lembro de você falando essas coisas mas não sabia que era por causa de um cachorro. Eu pensava que você estivesse falando de um dos seus cachorros – entendeu o trocadilho?”

É, mas eu falava de cachorros racionais. Ei... não acho conveniente esse trocadilho!

“Tô vendo que estamos bebendo pouco dessa vez, ainda estou lúcido e não consigo fazer comentários críticos sobre Bruna Surfistinha. Pede mais vodka pro teu amigo ai. Pede o litro, mas vê se dessa vez não joga a garrafa no asfalto.”

Não corte as minhas empolgações, eu odeio isso!

“Eu adoro o seu ódio.”

Também adoro, isso me faz menos mal que o meu amor. Acredite!

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