terça-feira, 12 de outubro de 2010

Antigos.

Eram os pedaços, foram justamente os pedaços que a gente se fez numa guerra de palavras. Os verbos eram meus, foram seus e ainda havia outros. Hoje eu vi o tamanho do nada que ainda há entre a gente. Muita coisa muda sempre. Pessoas morreram, cachorros nasceram, e eu não sabia que o seu cabelo havia crescido tanto. De repente você percebe que as minhas unhas ainda estão vermelhas e eu não vejo mais nada de novo em você. O silêncio não se apresenta diante da quantidade de coisas pra saber, pra comparar. Você me fala de uma banda que é nova e eu te falo que ainda, e sempre, escuto aquelas três músicas. Então começam os vômitos inevitáveis, o seu novo amor, a minha confissão de que enfim, amei. Então surge a dúvida de quem se machucou mais, contudo, você parece estar melhor do que eu. Mas se hoje você me perguntar pelo David eu vou saber-te responder. Eu sei que a rosa que dei pra tua mãe morreu, e sei também que você voltou pro quarto dos fundos. Gosto de saber que o meu livro nunca sai da sua mochila, isso parece um gesto respeitável e diante do modo em que éramos, é quase um milagre. Ainda não acredito em milagres, muito menos em pessoas, quanto mais vivo mais percebo o quanto elas não prestam. É, e hoje já tenho 23 anos de América do Sul. Não vou mentir, sofri muito pra desabituar com algumas coisas, como ficar na sacada do teu quarto olhando a jambeira. Mas eu sei me distrair perfeitamente e os meus livros são ótimos terapeutas. Meus amigos me ajudaram a entender o que é amor. Só assim é que deu pra sentir isso. Mas eu me entreguei tanto. E estar com você hoje me fez arrepender-se de essa abertura toda não ter sido com você. Mas é assim, nunca se sabe e hoje eu to sem sono, ouvindo nossos hermanos e Teatro Mágico. Hoje o sorriso das pessoas que estavam ao meu redor foi o meu abrigo e a minha história parecia uma torta de maracujá com chocolate. Você me contou algo sobre você e isso já é demais, a gente não se faz bem, isso é nítido e hoje eu nem posso beber aquele vinho em nossa homenagem. O melhor da história é que a gente se esqueceu de se amar, o que nos deixa sãos, de bem com a vida e um com outro. Espero ter deixado de parecer a sua mãe e quero por outras vezes esbarrar com você na fila do pão, pode ser que um dia eu encontre um amor compatível com a minha generosidade de sentimentos, e que isso perdure o tempo suficiente pra que eu te encontre e você veja que um dia eu consegui.

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