Vez por outra travamos um duelo invisível baseado em ressentimentos passados. Escrever é um modo de estudar tais coisas, de ser um pouco mais perspicaz.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Ela, hedionda.
Ela lhe usa como um escudo no próprio combate intrínseco e te jura amor quando ama não sentir amor por aquilo.
Ela te faz acreditar que essa felicidade é eterna - isso já com o passaporte no bolso.
Ela te promete o sol de Toscana com os seus beijos insanos.
Ela só quer consumir o teu vinho caro junto da tua lareira, embora seja fria.
Ela desmaia ao forjar prazer com a esperança de que aquilo acabe logo - cantando em seguida um samba de solidão.
Ela te usa quando quer prazer.
Ela não prefere as tuas costas frias para deixar suas marcas.
Ela não escolheu a tua mão evasiva para segurar seu peito.
Ela não sente pena da tua solidão macabra, da tua vida bucólica e muito menos do teu perdão acessível.
Ela simplesmente não sente.
Ela deseja no fundo que o inferno seja teu e acredita no perdão por ter amor pelo teu ouro, branco de cor, sem gosto e tão viril.
Ela ama a sombra dos aplausos que são para você.
Ela ama o olhar diferenciado, o respeito imposto, os atos heróicos e as músicas de cabaré.
Ela só espera pelas horas livres quando na mesa de um bar acende um cigarro e sussurra entre os lábios do primeiro cara que a olhar.
Ela quer que o teu mundo se dane, ela quer o teu mundo no chão, aos seus pés sobre um scarpin carmim.
Ela quer sempre unhas vermelhas para ser conjunto com os peitos e pernas expostas ao luar.
Ela bebe o seu vinho de sangue e as suas lágrimas de ácido, quando ouvindo os seus gritos ela festeja porque logo mais irá embora da sua janela.
Ela não pode te esquecer porque nunca lembra e não sabe onde estava você.
Ela abre todos os teus portões para que sejam públicos os teus lamentos.
E tudo o que é teu pra ela é pouco; prazer, emoção, dinheiro e fé.
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