quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dias.




Ontem ele entrou no meu quarto e falou meia dúzia de coisas a respeito dos meus empreendimentos na nossa "relação".
Acredito que ele esperava que eu fosse prolatar o assunto.
Eu estava deitada numa rede, ele não me deu um beijo na testa e disse "eu vou embora" diante do meu silêncio.
Eu apenas lhe pedi, secamente, para apagar a luz. Ele não apagou.
Esses dias estão estranhos. Estou inerte a tudo.
Naquela rede eu tinha um livro de Dostoievsky e um manual de Direito Tributário, o que não me dava motivos pra querer que ele apagasse a luz ao sair. E tudo aquilo, o escuro ou as palavras pareciam me bastar.
É-me comum pedir pras pessoas fecharem as portas ao saírem[as portas], no entanto, eu ainda não compreendi analiticamente o desejo do escuro naquela hora vazia de emoção.
Hoje ele volta logo cedo e acende a luz [?], trouxe todos os meus papéis, músicas, caixas e burundangas especiais. Foi embora. De vez. Agora eu me levantei e a luz acesa já não fazia diferença alguma, fechei a porta definitivamente para aquele, para aquilo.
Hoje quero ficar no escuro das minhas palavras infernais e nessa insensibilidade que me retornou nesses dias ásperos de decisões cruéis. Não quero luz e sim silêncio, o que me afasta das perspectivas de que algo ou alguém faz sentido. Eu não queria que fosse assim baby, mas a minha normalidade é não sentir e isso é quase que uma escolha.

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