segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Coisas pra contar.

Isso eu tinha que te contar, não vejo problema nenhum em quebrar regras, principalmente as minhas que estão longe de serem paradigmas. Eu falei nunca mais te escrever extra judicialmente, mas eu não vou falar de amor nem de sentimento, vou te contar coisas reais, menos fictícias e maculosas. Que introdução! Mas foi o seguinte, esse fim de semana eu estive com pessoas um pouco antigas, do início da faculdade e a gente foi tocar violão na casa de um deles quando do nada, todo mundo numa boa, de repente o Leandro começa a tocar Like a Rolling Stone (eu juro pelo meu pai que estou ouvindo ela agora), toda errada, mas dava pra entender, até porque ele repetia o refrão o tempo todo. Aí depois ele perguntou se eu havia entendido o porquê dele ter me mandado essa música e eu falei que sim, mas quando ele passou a justificar eu vi que eu não tinha entendido era nada. Depois eu falei pra ele que tinha ganhado de outra pessoa também. Aí eu parei um pouco e com a ajuda do álcool, vi que você não havia me dado Like...puts! Eu entendo muita coisa errado. Eu quem havia colocado ela no meio da história toda. Mas o que importa diante disso tudo é que a minha interpretação inicial desse jingle me fez encostar os dedos no chão. Por mais que eu estivesse um pouco equivocada com o que o Leandro queria me dizer com ela, eu entendi um pouco. A final de contas ele foi o cara que disse que queria morder os meus pés (e isso está publicamente nos meus depoimentos mais antigos), eu tinha espaço pra pensar muita coisa do tipo. Mas hoje, a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi procurar o seu livro e ler tudo novamente. Fiz uma leitura menos emotiva de algumas coisas e você não imagina o quanto isso me fez colocar os pés no chão. Hoje, Like retratou a minha vida de uma maneira espetacular, de um jeito realista, cru, sei lá, muito real. Sei que isso não tem muito haver, mas faz alguns dias que corri descalçada na linha do trem e cortei meus pés completamente, ficou uma “taboa de pirulito” confeitada com carrapichos, e enquanto os meus pés sangravam eu recusei carona pra casa por que queria que a pessoa que ia me deixar em casa, suplicasse perdão aos meus pés, mas ele não fez isso nem eu entrei no carro dele. Sim, mas o que isso tem haver? Nada, não é?! A sua música no seu livro me mostrou que eu já estou só, sozinha e pronta pra ter que enfrentar a minha tendência em aferir os méritos pelas exterioridades, sozinha e pronta pra colher o que vinha plantando, ou o que plantaram pra mim. Eu estou começando a entender que ninguém tem que escutar os meus gritos nem que me deixar em casa na hora em que eu bem entender, o meu pai morreu há três anos. O meu Diplomata com um gato siamês no ombro também foi embora, então, não tenho mais casa pra onde ir, então talvez seja melhor eu mesma tirar esse anel de diamantes do meu dedo e pendurá-lo num prego, porque no fim das contas eu vou ter um Napoleão esfarrapado pra me dar qualquer coisa e eu vou aceitá-la. Não tenho porque recusá-lo se é a única coisa que tenho. O fantástico dessa música é que ela traz essas possibilidades que amadurecem muito. Outra coisa boa é que ela é moldável pra muita gente, ou será que tem alguém que não cai e que não fica só nessa vida? Acho que não. Mocinho é isso, essa música me trouxe um pouco de maturidade, nessa sua versão. Amadurecer dói, mas é necessário, é perder a ilusão do que fazia importante o que era apenas passageiro. De tudo fica uma coisa boa, toda pessoa, por mais vazia que seja, faz nascer coisas em outra pessoa, e a gente aprende sempre. Você me deu um pouco de limite e sinceramente, a sua música me ajudou a colocar os pés no chão, até cortar os pés, mas hoje eles estão no chão e sob o meu domínio, porque não existe mais ninguém nesse mundo pra enxugar as minhas lágrimas nem pra abrandar o meu pranto. Essa pessoa tem que ser eu e até então eu não sabia disso. Não são coisas fáceis de aceitar ou de achar normal, mas agora acho isso é natural, e numa boa eu fico bem. Você é ótimo. Sua música me faz aceitar que o fato das minhas unhas estarem furta-cor nesse fim de semana é só um detalhe e passageiroe não muda nada. Nunca mais vou revirar trens por paixão nem refutar as decisões de ninguém. Não vou forjar um sentimento volúvel que não existe na minha pessoa, sinto a sua falta, a final de contas tem gente que se apega e eu tava nesse meio. Você é um cara legal e inconscientemente eu te fiz ser algo que você não é. Espero que só eu tenha te conhecido assim. As pessoas gostam de você em todos os aspectos. Não quero te ignorar nem me esquivar a falar sobre você. Eu também não vou ficar te pedindo desculpas, eu não fiz nada e o que existiu de erro, pra mim e pra você são coisas relativas, principalmente se tratando de erro. Acho que agora eu consegui tirar essa coisa ruim que estava dentro de mim ao seu respeito. Menino bom, você é um menino bom! Acho que vou ter uma filha pra ela ficar com você, te garanto que ela será alta, magra e loira. Brincadeira, minha filha vai ser emo e lésbica. Depois das eleições vou comprar um violão e Gilsin vai me ensinar a tocar à palo seco. Você não sabe como uma ponte serve de distância pra quem está só e parece que essa ponte só faz crescer. No mais, essas são mais um bocado de palavrar que me saíram à toa. Palavras podem até não mudar nada mas são as coisas que mais dizem, que mais transbordam. Beijo mocinho, espero que você continue bem na sua empreitada de sonhos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O outro erro.

Quanta maturidade, sabedoria e teoria vai a baixo por um impulso, nervoso mesmo.
Quando algumas coisas se repetem elas implantam um desespero. A idéia de abster-se é cruel diante do desejo de continuidade. E o que somos? Tolos, infantis e inconsequentes. Somos muitas coisas diante da conduta fora do padrão e da expectativa do outro. E erramos mesmo. De todo modo erramos, algumas vezes por anseio, por decadência moral, erramos por burrice ou por saber demais. O erro provém dos excessos e das faltas, das gramáticas e das músicas. O erro pode ser construtivo, em algumas modalidades, pode fazer chorar, pode fazer sorrir, o erro te coloca em crise, pode te ensinar, como também não. Nessa minha vida ridícula e errante, nem sempre aprendo com o que acontece, mas é nítido que estamos condicionados a esse verbo tão conjugável, e isso começa com o EU erro e VOCÊ também. É uma sorte de todos essa condição errante não estar restrita à algumas pessoas, isso seria péssimo e inconstitucional. Mas errar está no infinitivo e passível a qualquer filho de Deus, brasileiro, cearense e a outros nordestinos também. Errar nos conduz a vida e a morte, basta saber lidar com os erros. Espero aprender, um dia, a errar!

03.03.10- Estava perdido por la.

Quisera eu ter a capacidade de fazer com que o minha cabeça pare de mudar a visível dimensão das coisas. Hoje tive um dia exaustivo, não tanto cansativo e deprimente, mas um dia real. Na verdade eu queria sanar cada baque de realidade que confrontava com esse meu mero e doce aspecto de independência afetiva. De cada estrada eu faço mapas, de cada migalha eu tiro proveito. Nessas horas está sendo difícil encarar essa vulnerabilidade, essa incompatibilidade. E é por isso que eu desejava que tudo acabasse junto com a minha lata de refrigerante na hora do almoço. É por reconhecer que não posso tanto que só afirmo 'que não posso tanto'. Os dias passam lentos e a minha vida se resume a quatro paredes e um monte de papéis; gosto tanto desses papéis! Todos os dias esqueço-me da minha pessoa. Agora, eu tô em casa sem sono; tenho um livro novo pra ler e uma falta de estímulo do tamanho de um fusca[amarelo]. No meu lixeiro tem apenas uma sacola branca; no meu coração não tem nada; na minha cabeça existem muitas idéias não realizáveis, parece até um mundo virtual. Eu só queria que as coisas permanecessem como estão, por hora, eu me sinto bem. Vez por outra tento perder a mania de pensar em quem não devo, isso por volta de meia noite, o que é inútil, até por que o sol nasce em um piscar de olhos. É isso, tenho vida, um pouco de solidão, vontade de quebrar regras, gosto de azul, sinto raiva de meia dúzia de pessoas, ainda quero ficar tonta depois de beber vinho quente com os meninos da faculdade. No mais, não estou indo embora, baby, vou aproveitar essas horas, simplesmente pelo fato e pela certeza delas serem minhas.