segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Não ter.





A vida não me deu a oportunidade de ter você. Ela não me deu oportunidade alguma.


E a cada vez que olho pra trás me dói no vazio de cada coisa que perdi, de cada sorriso teu, das tuas lágrimas, do teu medo, alegrias, da vida que eu não estava lá, ao seu lado como um par.

Isso tudo é apenas mais uma etapa das que eu pulo, saltos na vida os quais me engano com os meus livros onde me escondo e encubro os meus vazios naquelas teorias tão cheias de sentidos.

A vida não é minha amiga quando me mostra as tuas fotos, a tua vida tão distante da minha.

Estamos sob o mesmo céu, tão pertos e tão errados. A culpa não é de ninguém, é só da vida mesmo.

Então eu olho todas às vezes pros teus olhos e me vejo neles, além de alguns recantos da tua trajetória que me impede de seguir a minha, feliz; o verde infinito dos teus olhos me tiram apenas isso mesmo.

Muitas vezes eu quis te pegar pra mim, guardar num potinho, te abraçar pra sempre.

Muitos dias senti inveja dessa rua sortuda que te vê passar todos os dias.

Muitas horas me atormentam com o desejo de ser as paredes das cinco da tarde, estas que te recebem, que cuidam de você, do seu cansaço, das angustias, vitórias e derrotas.

Eu sinto, sinto muito.

E diante disso tudo eu só queria uma oportunidade de ser [mos], de algum dia poder dizer que somos nós. Que a vida seja menos travosa e amenize a comparação do meu não ser.

Eu quero força pra desgostar de você, pra não te ter por volta das quatro, do meu lado, de fazer você brincar de dar nome as coisas, comigo, de contar animais na estrada...

Eu quero forças pra suportar não te ter todas as manhãs “ao meu lado”, meu amigo, meu amante, tudo meu professor, meu aprendiz!

Você é tudo o que eu pedi a papai Noel no Natal de 2005, é o meu amor que gosta de cachorros.


Mas não é tão meu assim.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tempo


Houve um dia em que sair pelas calçadas largas das ruas de Fortaleza abstraía grande parte da solidão de estar sozinha, sozinho, de estar a sós... E observar algum episódio da vida de pessoas, que eu não sei quem são, me fazia um bem danado, tudo isso por volta da vulgar três da tarde. Eu melhorava a ofegante angustia que me visitava com freqüência nos dias [sem] rotina.


Olhar amores e desamores; as pessoas brigam e muitas vezes estragam momentos hiper planejados e ensaiados, outras, nem percebem que esses momentos acontecem e deixam tudo desperceber. Eu ficava naquelas calçadas vivendo a vida dos outros por imagem e concluindo, através de camadas e camadas de hipocrisia, que o fato de eu ter com quem sair sábado a noite não excluía a minha solidão, aquele vácuo de ter alguém só pra ter alguém. Quando no meio de tudo isso Zeca Baleiro cantava ironicamente, com um exagero sacal, assim: “meu amor, minha flor, minha menina, solidão não cura com aspirina...”, pensei nisso e agi.


Mudei muita coisa, inclusive me desvesti daquela camada hipócrita que era a idéia de que eu não estava só. Fiquei só de verdade, mas encontrei o que fazer todos os sábados à tarde além de estudar embriologia e física quântica. E foi nessas tardes de sábados qualquer que encontrei uma palestra do Luiz Fernando Veríssimo pra ir e sem pagar nada. Isso foi sursis na minha vida!

domingo, 4 de dezembro de 2011

O dia de sair. Outra vez, sair.



Eu gostaria de escrever tudo isso de um modo impessoal e longe de um objetivo explicativo do que quer que seja, mas é difícil e embora seja possível eu não vou tentar. Era só um desejo em meio a um turbilhão deles [eventuais].
Hoje foi o dia de arrumar malas, desarrumar estantes, pegar em coisas guardadas para guardá-las [outra vez] em outros lugares.

O fim é sempre tenso e frio... Não por que acabou, mas porque é fim e tem que macular com o sentido da coisa.

Na tarde de hoje após um início de dia extremamente afável, aconchegante e cheio de amor familiar eu fui dar adeus para algumas paredes que foram por muitos dias as minhas únicas companheiras. Elas assistiram as minhas lágrimas, os meus lamentos, a minha solidão, o meu prazer, o meu desfazer...

Estive sempre abraçada a uma vida mística, mas vez por outra mergulhava no ceticismo mais avassalador que se possa desacreditar, e isso destruía qualquer suposição ou crescimento. Talvez sejam por essa razão que afirmo que essas paredes nunca me foram promotoras de sorrisos ou festejos, elas me faziam melancólica sempre que me rodeavam e o jardim tinha a mania de juntar a água da chuva sempre nos mesmos formatos.

As poças de água me lembravam um perder, o abandono das escadas daquele velho edifício encima da padaria, dos campeonatos de PS, das aulas de física e dos porres trilhado por Pink Floyd. Acontece. Abandonei aquelas paredes testemunhas de tantos sorrisos irresponsáveis e inocentes.

Essa casa que hoje eu dou adeus me fez perceber que naquelas outras paredes e escadas longas a minha força era bem maior. Embora eu não tivesse o meu cabelo vermelho a minha coragem era mais intensa. Ali se acreditava mais, amava-se mais, vivia-se mais. Ali se lia menos, dormia-se menos, importava-se menos.

Na verdade a intenção era abandonar tudo aquilo que misticamente não era doce nem sadio. E por mais que tudo nessa casa me pesasse muito, a sua partida também me pesou. Pode ser que pela ausência do querer lembrar. Ou melhor, pela a ausência de motivos que instigasse a lembrar qualquer paranóia. A não ser de um carro preto [sempre] parado lá na frente. A não ser, das palavras grossas que formaram o meu vocabulário por fim. A não ser a sensação de insônia nas despedidas e vontades de ver o mar.

A casa passou e ainda estou lembrando-se dela, do branco de cada parede, de cada porta e de cada fato. Lembrarei do branco e do breu da lacuna que essa casa me deu. [Dois anos se passaram].

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sem nenhum motivo.



As razões se perdem pelo tempo que não foi. Pela lembrança que não é minha, pelo 'eu te amo' que não é meu.

Essa mania de chegar tarde me maltrata demais. Então eu vejo todas as experiências que você já teve, toda uma história, tudo, e eu queria.

Um natal, uma páscoa, um dia das bruxas, um dia dos pais, a noite mais fria do ano, uma pescaria, um domingo cinzento, o dia do amigo, aquele dia triste, uma praia, você, no meio de tudo isso! São desejos vãos que corroem pela sensatez de enxergar as impossibilidades. Muita coisa já se foi!

E são pelos olhos, apenas, que tudo isso existe. Nada há mais que o poder dos teus olhos para mover em mim qualquer músculo, sensação e calor. Dói por dentro e eu pareço ferro e me desmancho aqui com as palavras que é tudo o que resta.

Esperando que isso passe, que esse desejo desmedido de te ver, de olhar pro verde infinito dos teus olhos... Embriagar-me com a torpeza de não te ter. Sofrer? Talvez.

O meu corpo não consegue ter paz quando está próximo dele e eu invejo essa rua que te vê passar todos os dias. Sortuda a pessoa que te toca, que lhe beija, que te abraça. Sinceramente eu não entendo tudo isso porque há uma fogueira que me acorda e uma nuvem que me esfria.

Quero guardar esse sentimento devasso, avassalador, que não me pediu licença, que me tira do sério, que me tira de se.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

You Learn.



Eu recomendo ter o coração imune a qualquer pessoa, a qualquer tipo de pessoa.
Eu recomendo que você preserve a possibilidade de andar nua na sua sale de estar sem causar transtorno pra ninguém [sentir-se livre]
Eu recomendo estar bem e a engolir apenas o que é bom [cuspir o resto]
Eventualmente tudo acaba e o fim nunca é tão divertido quanto o início.
Eu recomendo sentir.

"Você vive, você aprende,Você ama, você aprendeVocê chora, você aprende,Você perde, você aprende,Você sangra, você aprende,Você grita, você aprende"

sábado, 15 de outubro de 2011

Há quem diga que esnobar é exigir café fervendo e esperar esfriar...




Nada mais aprazível que uma visita a um supermercado numa madrugada de sábado pra domingo. Almejando aquela paz dentro do estabelecimento, poucos consumidores, caixas vazios, silêncio… tudo que você gostaria se a vida assim pudesse ser, todos os dias.

Embora estivesse visivelmente embriagada, mas ainda com alguns sentidos atentos, gozava de uma rara fluência no trato com quem estivesse em meu caminho. Fui benevolente ficando na fila sem reclamar. Tinha fome, comprei um pacote de pão integral, mostarda escura, salame e mortadela com picles. Uma garrafa de refrigerante para repor o açúcar e tudo mais – sendo que o mais era uma [ apenas ] garrafa de vinho barato.

Não eram nem cinco ou seis pessoas ali, afora segurança e alguns funcionários do estabelecimento. Nada poderia dar errado.

Um pobre diabo tentava passar seus cartões a todo custo em troca de miseráveis dois litros de leite, um pedaço de carne, pacote de pão e uma lata de atum. Não estava alterado nem nada, mas nitidamente frustrado por não completar o pagamento porque lhe faltava saldo no banco.

Uns quatro ou cinco adolescentes praguejavam atrás de mim, chamavam de vagabundo, mexiam com a caixa e faziam algo muito pior, enchiam o meu saco. Parei de prestar atenção na frente do caixa para dar conta do falatório no meu ouvido. O homem vai embora sem suas compras e com o olhar disparado pro vazio que é sua vida no meio da madrugada – acredito que durante o dia não seja diferente e talvez até muito pior.

Começo a passar meus produtos e a molecada praguejando, um com salgados outro com refrigerantes e energéticos e todo resto com biscoitos recheados. Maconheiros. Nada contra quem enche seu corpo de entorpecente, mas para quem não dá valor a sua saúde não tolero julgar a miséria do outro, principalmente de quem ainda trepa na casa do papai e pede para a mamãe limpar a bunda sempre que termina as suas necessidades. Assim é fácil julgar.

“Bela treta seria agora, meio da madrugada, eu aqui cheia de ódio dessa raça imunda que se tornou a juventude que aprendeu a ler numa rede social e volta pra casa bêbado sem ter pego ninguém na balada. Acho que dou conta de três, outros dois vão me bater a tempo do segurança do supermercado agir…”

Foi o pensamento que me ocorreu naquele instante em fração de segundos.

- São pessoas como você que tornam o mundo essa merda…
- Falou comigo?
- Então o imbecil escutou? Sim, falei com você mesmo – escolhi um alvo, a coisa agora era pessoal.
- E a doidinha ai de cabelo vermelho sabe tudo né?
- Sei mais do que você seu baby care.

Nesse momento um dos garotos alerta que a minha camisa tinha escrito Senhora [ Sargento] de Armas. É claro que nenhum deles nunca deve ter visto Sons of Anarchy e nunca vai entender a patente do personagem de Tig, braço direito de Clay Morrow numa versão feminina e tudo mais. Pararam de mexer comigo. Parei também de provocar. Gastei quase cem contos nas compras. Os moleques contavam moedas. Sai como se nada tivesse acontecido. Não olhei pra trás.

Chegando em casa me dei conta que fui tão fútil quanto eles. Poderia ter ajudado aquele pobre diabo nas compras em troca do meu bel prazer.

Viram como a gente precisa mesmo evoluir?

Pequenas adaptações de Old School

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pessoa em confissões desmerecidas


Ela repete desmedidamente à doutrina que não segue, as manias que não compulsam, a fé que desacredita e prostitui as suas convicções. E o que seria tudo isso além de uma máxima mais que popular? Isso é a parte humana que habita Nela todos os dias por volta das seis da manhã.
Ela passa o seu tempo fazendo análise das mazelas humanas e deixando que a sua parte ainda sadia se corrompa com o ácido cítrico que tudo isso produz.
E de dia ela é ácida, sem sol Ela é fel, sem paz ela é doce, com a lua é insana, com os versos Ela é criança e brinca, tanto e com erros, assim, [também]Ela faz os seus dias sem Ele que é feito de nuvem.
O pecado todos os dias deixa de morar ao lado e se muda para a porta da frente e nunca há o barulho esquisito da sua voz. Ela vive com as suas verdadeiras palavras escondida no sangue. Ela se derrama de paixão e nunca fala nada porque Ele tem a chave do seu peito que lhe daria passagem para o inferno mais próximo do amor.
As palavras se fazem, outra vez, um inferno e a última paz. A palavra é uma bala revestida de carmim e explode no peito, só no peito.
Ela não sabe pra onde olhar por que Ele é invisível, Ele não pode existir nas manifestações de fé, nem de dor, nem de prazer, e o silêncio sobrevém a tudo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Seiva bruta.





Se de algum modo assim eu pudesse, não te amar, necessariamente, só olhar e admirar o que não há em mim...
Se você deixasse eu queria ser você por dentro, vez por outra te desfrutar do modo que não ajo e na obscuridade do pecado que vai de encontro à razão.
É no silêncio das palavras escritas;
É no querer te ver bem mais que do modo imóvel.
Eu não vou dizer que te amo, não vou querer-te pra sempre, nem sempre. E esse desejo seguirá o rito cíclico dos sentimentos e das emoções e passar!
Você me desperta fixação de pensamentos de querer implantar liberdade onde não há.
Então, por não haver promessa nos teus olhos nem nas tuas palavras, a tua presença me encanta, por alguns momentos e perspectivas de pensamentos, isso sobra viu?
E como numa dança torpe numa noite qualquer, fria ou quente, as palavras poderiam tornar-se supérfluas e outras coisas serem mais, sermos nós.
Bem mais por dentro e sermos seiva bruta, que secretamente é a vida de tudo aquilo que é verde, de tudo aquilo que é cor!

domingo, 4 de setembro de 2011

Jack, isso também passa!


As coisas são como merecem ser. Cada vírgula, cada passo, tudo é longe e nada é fácil.
Superar é um descrédito que nos damos quando algo tá doendo, mas a dor ajuda a suportar outras dores e tudo passa e tudo é justo e tudo é necessário pra crescer.
Sabe o boteco, a calçada da igreja e o violão, as noites de lua cheia, uma calçada deserta na minha rua, o conhaque, a vodka, o Jack Daniels lacrado, o bolo de café, a noite mal dormida, o cappuccino a sós, a vida pregressa mal redigida, a conduta ilibada pro currículo, as questões de múltipla escolha, as palavras vãs, as fúteis também, a redundância e a arrogância, o perdão que não há, a fé que não crê, tudo isso com a ajuda de conversas e um pensamento miserável me fizeram compreender que não era você, sinceramente meu bem não era, você não existe mais!
Todo mundo faz merda na vida e eu não ia ficar de fora... a gente erra, de verdade.
Acontece e sempre tem que acontecer.
Liberdade, agora é a sua vez!

domingo, 21 de agosto de 2011

Desmaiar paixões em verbos



Dessa vez é pra dizer de verdade, dizer que você não é especial por conta das minhas palavras que cantaram pra você; palavras é a minha especialidade. E amar e desmedir e falar e dizer e pedir, esse é o modo.

Isso acontece com todos, lamento, se for preciso.

Os seus chutes imaginários, as paradas e estradas que acredita ter me deixado, para trás, não são um ponto final nem intermediário de lugar nenhum... Já num plano real, fora do seu acervo imaginário, é um ponto de partida pra vários lugares, pra tanta gente.

De um lado reconheço as minhas feridas, que visíveis, doeram por longas noites e ebriedades.

Construíram montanhas, muralhas, poços, construíram a minha paz e desespero.
Admito ainda que sou fraca, em alguns aspectos, todo mundo é, todo santo é são, você sabe.

Embora doa, o teu cheiro, as tuas músicas, digo a todos, os seus cheiros, as suas músicas, de todos ficam, numa lembrança sutil e alguns gostos de vontades vorazes... [lembrar é bom].

Eu lamento até por elas, que foram tantas ante a sua necessidade de múltiplas escolhas.

Elas não têm o meu veneno, a minha ideologia anti farpa de não amar. Pobre delas em companhia de um doce murmúrio de tais amores.

Eu nada cresço em dizer-te tais conjunturas desmedidas e desalmadas, mas sobra, sobra isso em mim, embora não te supra.

Repito outra hora comigo e com quem quer que seja, então, pra amar, somente o mais profundo dos sentimentos que me pegue, repentinamente, de vendas e sem armas, para assim me persuadir a usar farpas das quais não posso remover com uma pinça;

Aquelas farpas que fora do infinitivo devastam, mazelam, torturam... alguns dizem amar.

Desmaiar paixões em verbos



Dessa vez é pra dizer de verdade, dizer que você não é especial, por conta das minhas palavras que cantaram pra você; palavras é a minha especialidade. E amar, e desmedir e falar e dizer e pedir, esse é o modo.

Isso acontece com todos, lamento, se for preciso.

Os seus chutes imaginários, as paradas e estradas que acredita ter me deixado, para trás, não são um ponto final nem intermediário de lugar nenhum... Já num plano real, fora do seu acervo imaginário, é um ponto de partida pra vários lugares, pra tanta gente.

De um lado reconheço as minhas feridas, que visíveis, doeram por longas noites e ebriedades.

Construíram montanhas, muralhas, poços, construíram a minha paz e desespero.
Admito ainda que sou fraca, em alguns aspectos, todo mundo é, todo santo é são, você sabe.

Embora doa, o teu cheiro, as tuas músicas, digo a todos, os seus cheiros, as suas músicas, de todos ficam, numa lembrança sutil e alguns gostos de vontades vorazes... [lembrar é bom].

Eu lamento até por elas, que foram tantas ante a sua necessidade de múltiplas escolhas.

Elas não têm o meu veneno, a minha ideologia anti farpa de não amar. Pobre delas em companhia de um doce murmúrio de tais amores.

Eu nada cresço em dizer-te tais conjunturas desmedidas e desalmadas, mas sobra, sobra isso em mim, embora não te supra.

Repito outra hora comigo e com quem quer que seja, então, pra amar, somente o mais profundo dos sentimentos que me pegue, repentinamente, de vendas e sem armas, para assim me persuadir a usar farpas das quais não posso remover com uma pinça;

Aquelas farpas que fora do infinitivo devastam, mazelam, torturam... alguns dizem amar.

sábado, 20 de agosto de 2011

Estupidez.



Eu gostaria que fosse amor, ou poesia, mas isso é quase esquizofrenia.

Eu paro em frente ao espelho, no lago, sinal ou fogão e me pego tecendo relatos ao seu respeito. Antes fosse qualquer coisa falsa ou sentimento fraco, mas é forte e me fazia abraçar os joelhos na espera de refúgio físico pros impulsos.

Ligar-te, escrever-te, falar-te... Palavras inúteis e necessárias em contraponto.

Eu não queria lembrar-se de nada, queria ser indiferente e parar de bater o pé. Há tanta água nos meus rios e eu ancorada no seu mar tão raso.
Isso foi bom por algumas horas, isso fez mal pra vida toda. Ontem à noite eu precisei do mais forte dos analgésicos e opióides pra poder continuar gente.

Acontece! Você foi simplesmente o tumulto da minha vida. O vômito do meu porre [essencial]. Você foi.

Se eu desligasse o rádio e a música parasse de tocar, mas ela não para, e se repete a cada ato jurídico estúpido e vão dessa saga sacal e contínua.

Vou tentar outra vez, e com razão por estar nesse momento nos ombros do Gigante, ele me ajudará.

Vergonha, nojo, saudades, afeição e desprezo...foi um misto de sentimentos devastadores, os quais desejo um dia não sentir mais. Mas, como num conto de fadas ou num filme do Almodóvar, acontece!

O resto, o tempo dá jeito.

sábado, 6 de agosto de 2011

As noites e a noite.





Parecia de mentira aquela noite sem dinheiro, sem esperanças, sem amigos e sem as chaves de casa.


Aceitar ficar naquele hotel com vistas pro Vidigal e gastar todo o dinheiro do álcool para aquela madrugada com essa hospedagem seria uma burrice.


Então o seu pai aparece justamente no bar em que resolvemos entrar e tomar um pouco da “alguma coisa” que nos restava.


O seu pai é muito estúpido e eu adoraria cuspir nele. Não por mim, mas por você.


Então ele te dá dinheiro e me manda ir embora da sua vida, da sua rua, do seu sinal de trânsito.


Os sapatos dele bem polidos nunca amenizariam a minha indignação pela hipocrisia que reflete deles. Aquele paletó [que daria pra pagar um semestre da minha faculdade] cor de chumbo parecia mais um colete a prova de balas, a prova de verdades. Mas você é minha amiga e desejo profundamente que nunca leia esta página.


Estar fora de casa, longe de casa, fora de se...


A pessoa mais imbecil e que mais te faz ser imbecil na face da terra, só porque vocês se beijaram numa casa qualquer, não pode te ver nesse dia porque a atual, da vez, namorada dele, estava chegando de Buenos Aires.


Então me restou uma carona, depois de passar em um bar e beijar um cara que usava um all star verde cana, furado na lateral esquerda deste mesmo pé, e tomar um tanto muito de “alguma coisa”, sem saber o nome do cara, mas procurando na agenda do celular o seu número pra ligar na próxima confusão mental.


A carona não era pra minha casa, eu não tinha casa, era pra qualquer lugar que tivesse um chão limpo e um pouco de vodca. A culpa não era de ninguém, tudo isso eram coisas da vida, só dela.


O dia não acaba ai. Sabe o imbecil, o da menina da Argentina? Ele me liga. Ele vai até onde eu estou, em uma casa qualquer e a gente se beija, sempre. No meio disso tudo eu senti, apenas, um leve cheiro daquele perfume cubano de uma das últimas viagens felizes. E embora todos esses desprendimento físico [dele] e emocional [meu], ele afirma que não me ama e eu confirmo que esta nunca me foi uma condição para usá-lo.


Não houve mais beijos nem palavras; apenas três pneus incinerando em meio à estrada que me levava pra casa.

domingo, 31 de julho de 2011

Aprendi a chorar




Foi, talvez, naquele sábado que eu me dei conta do quanto tudo é frágil, família, paz, sentimento, convicções... É muito duro sentir-se só, e não só sentir-se, mas estar, de fato, sozinha.

Amadurecer ainda é uma das coisas mais intrigantes dessa trajetória carnal. As vidas que são ditas “normais” podem ser padrões, mas não são obrigações taxativas e entender isso é o que identifico como amadurecimento.

Há dias em que tudo está cinza e você não vê saída alguma a não ser fechar os olhos.
Há dias em que as lágrimas são necessárias para poder imaginar um sabor meio que distante de vinho seco, o mais amargo possível, e isso é ameno comparado ao aperto ofegante do peito sem razão.

Pensar na vida é implorar o desespero.

“O que é o homem diante das rochas?”

Sinceramente eu não sei por que escrevo. Essas são mazelas que deveriam ser intrínsecas; uma espécie de cólera do jogo dos impasses de viver. E hoje as lágrimas que escorreram nesse meu rosto cru e nu, foram reais demais para o meu porte virtual. Fazer o quê? Contar com quem?

Uma hora há de despertar uma saída azul pra tudo isso, em um céu qualquer.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

De longe:


Talvez eu precisasse ir um pouco mais longe, sair um pouco de perto.
É isso mesmo. Foi uma espécie de compaixão. Sair do jogo para entender o jogo, às vezes, é a melhor solução.

"E o que é tudo isso diante da pólvora?"
"Uma paixão que se renova"

Olha, olhar o mar de dia e ouvir uma música tosca à noite renova a alma.
É como preparar um bolo com uma receita nova, e no final, perceber que ficou melhor que o outro[fazendo uso de trocadilhos].
Hoje eu troquei os sapatos pretos por chinelos brancos e andei, andei, andei desesperadamente em direção ao moinho da praia. Foi legal, ganhei calos novos e em outros lugares.
Esses cinco dias pareceram mil; esses mil dias pareceram dois de tão rápido que passaram.
Estou com saudades de casa, do meu gato carente, das minhas coisas, de mainha, do telhado do meu quarto, mas estou bem, de corpo e alma bem.
O bom é perceber que o novo ovomaltine do MacDonalds não substitui o do Bob's e não sei porque isso me deixou feliz!
Amanhã eu estou de volta a vida real. Ter vida real é muito bom, acredite!

sábado, 2 de julho de 2011

Ele cuidou de mim.



O melhor contraste se fez nos dias mais torpes e sem noção desse nosso calendário.
E porquê não falar sobre isso, sobre ele?
Acredito haver muita intervenção de Deus no fato de lermos o mesmo livro, no escutar da mesma música.
Eu adoro ele todos os dias.
Nos dias a sós, nos tumultuados, nublados e de sol.
A gente se apega ao cheiro, ao jeito de falar, ao segurar da mão e ao abrir da porta.
E pra quem diz que há branco demais nessa história, na minha cor, na minha vida, não há.
Afirmo que há tanta cor nessa história que é até pecado.
Afirmo, ainda, que tudo isso é muito perfeito, até essa permanência incerta.
Só ficará essa saudade que já se adianta. Essa saudade que não quero nunca esquecer.
Existiu; e da forma mais mágica que se possa imaginar.

Ao nosso contraste, tudo o que há de bom no que há de desigual nesse mundo.

domingo, 26 de junho de 2011

Isso não é resposta.



Nem nada. Eu sei que estou embriagada e por favor revelem algo.
Eu quis dizer relevem.
Relevem a minha alma infantil e imediatista e o dizer o que há por dentro.
Algumas coisas as vezes não são. Na verdade eu queria dizer que este lugar, esta cidade, perderam o objeto.
Nando Reis diz que tornar o amor real é colocá-lo pra fora. Na verdade tornar o amor real é o maior passo para ter uma vida infernal, de vadiagem e levianidade.
O amor , às vezes, só acontece só, e no papel.
Olha, há dias que eu preferia que Jorge Amado tivesse escrito a minha vida, mas isso coube ao Almodovar - não é uma merda, não, não é - o problema é que há dias, sempre há, que uma rede numa varanda de praia e uma dúzia de par de brincos para fazer e vender são bem mais reluzentes e "felizes" do que sentenças pra recorrer, bandidos pra prender, separações mesquinhas para fazer...
Nossa! Eu bebi e tive um pesadelo, foi um pouco real porque relacionava muito logicamente coisas bastante reais e atuais. Sinto que ainda há alcool na minha rotação sanguínea e isso está interferindo no meu bulbo.
Eu odeio sentir algumas coisas como cólicas, câimbras, dor no peito de desilusão, e principalmente, resquícios pós porres.
É isso.
Qual é mesmo o contexto dessa foto? Não sei. Tenta ver ai Moiiseis. [ele que estava comigo nesse momento]

sexta-feira, 17 de junho de 2011

3 ou 4 respostas



Desses textos de alguns dias, soltos por ai, eu tiro algumas conclusões do que não sou.

Falei de comportamento assertivo no texto passado e ele não tinha nenhum contexto com esse tipo de comportamento. Tudo bem! Eu vi isso em um documentário do Eduardo Coutinho no Festival Ibero-Americano de amostra cinematográfica.

Entre outras coisas, eu gostaria de revelar alguns segredos e o primeiro deles é que odeio inglês. Era pra minha mãe ter entendido isso quando eu fugia do CCAA pra ficar na Praça Pe. Cícero olhando os Hippies venderem brincos. Outra coisa é que esse erro se repetiu quando resolvi [outra vez] me iludir fazendo inglês na casa de cultura da UFC, novamente o meu interesse era outro; eu estava interessada em olhar os maconheiros do curso de publicidade e propaganda delirando nas calçadas da reitoria e por aquele campus cheio de folhas secas.

Acredito ter uma atenuante: a preguiça e a falta de interesse em aprender línguas. Acredito seriamente que tenho a prerrogativa de optar pelos meus interesses [paradoxal, não?]. Mas era isso, uma opção subversiva!

Mãe, eu gosto realmente de cortar as minhas roupas, embora eu esteja gorda, eu gosto das minhas roupas assim... Não me chama mais de "MULAMBENTA". Help!

Amigos: Gosto realmente de Beatles, mas acontece que escuto com frequência Aerosmith e os inícios das músicas mais pop's do Radiohead. Só ouço Dylan quando bebo com alguém que está sofrendo e dou o maior valor pra um samba de mesa em qualquer sábado à tarde.

Mas sabe o que eu acho ridículo? A tentativa de salvar a boçalidade do submundo com comunidades do Orkut. Há verdadeiros juízes e doutrinadores para atribuir as mais diversas modalidades de procrastinação aos fatos.

É assim: uma doce ilusão do que eu acho que sou através de figurinhas em preto e branco e descrições clichês. Tudo isso faz algumas pessoas sentirem-se o máximo. [sem falar na avaliação morfológica e gramatical da vida dos outros]Coisas do tipo: "eu odeio vírgulas inapropriadas".

Sinceramente, eu separo com grande frequência o verbo do sujeito.

Tudo bem, tudo bem, eu sou um tédio e sofri bullying na sala porque sabia o que era a "teoria da tipicidade conglobante" de Zaffaroni. Isso acontece nas piores famílias de Newcastle.

Outra coisa é que eu queria que o Marcus Di Bello soubesse que, embora eu esteja no sul do Ceará e que nenhuma das perguntas que lhe foram enviadas correspondessem ao amor, eu adoraria arrumar o seu quarto e cozinhar [em parceria e solidariedade com relação às louças sujas] com a sua pessoa, atuando, principalmente, na moderação da temperatura do fogo [sem trocadilhos].

No mais, ainda pro Marcus, eu sofro de insônia, mas isso não é constante, e aproveito o esse tempo, que é o meu tempo, pra estudar e deliberada[mente] formular teorias probabilísticas sobre alguma peripécia da minha rotina sacal. Não toco guitarra mas tenho ótimos solos gravados no meu ipod.

Só mais outra coisa, o seu texto ao qual estou aqui enxiridamente [neologismo também é carinho] fazendo alguma coisa sobre ele deve estar falido e cheio de novas expectativas. Atualize-o acendendo a luz.



quarta-feira, 15 de junho de 2011

Auto assertiva?



Depois que você for embora?
Nada vai ser normal. Ele também vai embora.

“Quem vai embora?”

O meu comportamento assertivo.

“Não vai. Você é determinada, inteligente e segura, é assim. Eu não tenho participação nisso. A gente se ajuda.”

Não, a gente se completa...

“ Você critica as minhas músicas, os meus gostos, a minha literatura fútil; como te completo assim? Eu preciso de você durante e no fim do dia. Mas somos duas pessoas e por mais que eu seja adulto é complicado discernir e aceitar isso. Só é difícil pra você? Em moça?”

Costumo amar o que não tenho; Eu não me importo com os seus bregas nem com o seu gosto americanizado pras coisas. Mas pra você tudo é mais simples, mais fácil. Não vejo entrega da sua parte.

“E o que você não tem que há em mim?”

Não sei, me falta inspiração pra tanta coisa. Quem vai ler, reclamar, corrigir a minha vida?
Eu não queria que você fosse embora. É isso!Posso ficar sem explicar essa parte.

“Sinceramente, você se mostra bem mais forte e segura do que na verdade é. “

Nesse aspecto eu sempre finjo e ninguém nota a diferença.
Todas as vezes que eu te liguei chorando, pra jantar comigo, pra me ouvir, simplesmente ouvir, você me curava, só estando comigo. Agora me diga como eu vou saber o que há em você que me cura.

[silêncio]

Está certo ir embora. Eu também vou à hora certa.
Só que teremos que ir embora por completo da vida um do outro. Você me entende?

“Não. Eu vou estar sempre por perto e não vai mudar muita coisa. São alguns quilômetros e outras salas, só isso.”

Você vai embora de vez. Isso dói demais pra acontecer várias vezes.

“Para de drama.”

[o telefone toca e esse assunto acaba em silêncio na porta da faculdade]

"Boa aula, até amanhã!"

terça-feira, 7 de junho de 2011

A terapia de Tarcy



Isso é quase que um comercial. O que muda é que não há comercialização disso.[o quê mesmo?]. A lavagem mental. Encontre o nirvana.

Eu não fui a sua formatura, não te mandei papel de carta.

[vou editar]

Há quem sambe diferente...



E acredite mais.

Tudo foge se você deixar; a paz, o amor, o lixo mental, tudo foge!

O bom do acordar é escutar um som que diz assim:
"perfumei o elevador, perfumei o corredor..." e se esse som não fizer presente cante "a luz" pra que não haja involução.

Acredite mais:

Que alguém quer te ouvir por no mínimo cinco minutos;
que alguém quer te tocar nem que seja apenas em pensamento.

Sentimento é ilusão que se faz real com o toque, com a intensidade.

Paz é muita coisa quando se tem apenas um só[apenas o quê?]. Voz, vozes e velocidades.

Vou colocar a alma pra sambar lentamente pra que não haja desgastes.
E ela agradecerá a doce ilusão do bom dia que é mal.
Do dia claro que é preto de mundanices [neologismos também é arte].

Teremos cores pra compensar um daltônismo não congênito.

Uma deusa veloz e carnal que está em todos os espaços de pessoas almadas.

Em cada parada com ou sem estação. De trem?

É...

Sambarei também.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dias.




Ontem ele entrou no meu quarto e falou meia dúzia de coisas a respeito dos meus empreendimentos na nossa "relação".
Acredito que ele esperava que eu fosse prolatar o assunto.
Eu estava deitada numa rede, ele não me deu um beijo na testa e disse "eu vou embora" diante do meu silêncio.
Eu apenas lhe pedi, secamente, para apagar a luz. Ele não apagou.
Esses dias estão estranhos. Estou inerte a tudo.
Naquela rede eu tinha um livro de Dostoievsky e um manual de Direito Tributário, o que não me dava motivos pra querer que ele apagasse a luz ao sair. E tudo aquilo, o escuro ou as palavras pareciam me bastar.
É-me comum pedir pras pessoas fecharem as portas ao saírem[as portas], no entanto, eu ainda não compreendi analiticamente o desejo do escuro naquela hora vazia de emoção.
Hoje ele volta logo cedo e acende a luz [?], trouxe todos os meus papéis, músicas, caixas e burundangas especiais. Foi embora. De vez. Agora eu me levantei e a luz acesa já não fazia diferença alguma, fechei a porta definitivamente para aquele, para aquilo.
Hoje quero ficar no escuro das minhas palavras infernais e nessa insensibilidade que me retornou nesses dias ásperos de decisões cruéis. Não quero luz e sim silêncio, o que me afasta das perspectivas de que algo ou alguém faz sentido. Eu não queria que fosse assim baby, mas a minha normalidade é não sentir e isso é quase que uma escolha.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dores estranhas.


O amor é, por definição, um prémio sem mérito.


Se uma mulher me diz:

eu amo-te porque tu és inteligente, porque és uma pessoa decente, porque me dás presentes, porque não andas atrás de outras mulheres, porque sabes cozinhar, então eu fico desapontado.

É muito mehor ouvir:

eu sou louca por ti embora nem sejas inteligente nem uma pessoa decente, embora sejas um mentiroso, um egoísta e um canalha.


Milan Kundera, in "A Lentidão"




Bom dia Dr.

-Olá garota, não esperava encontrar logo cedo uma paciente tão jovem...sente-se!

Sério?! Não acredito que estabeleceram um padrão de idade e tempo pras pessoas procurarem um cardiologista?

- Quê isso moça, só estou surpreso por que não é comum na minha especialidade me deparar com uma paciente tão jovem. Mas o quê você sente?

Sinto umas dores no peito esquerdo. É uma dor fina na parte de baixo, parece uma farpa e eu deveria sair dessa sala agora.

-Sair da sala? Você está sentindo alguma coisa?

É. Sair da sala. Eu não deveria confiar em alguém tão jovem pra cuidar do meu peito ou do que tem nele. Não é comum atribuir experiência à um profissional de vinte e poucos anos e acredito que o meu caso requeira.

- Engraçada você meu amor. Vamos continuar na consulta. Essa dor é central ou ela irradia?

Tudo bem. Espero não ter te chateado, só quis revidar. A dor é só em um lugar, parece dor de desilusão sabe? Só em um lugar.

-Hum, sei. E quando você se curva alivia?

Sim, um pouco, quando abraço os joelhos e as lágrimas molham o meu peito como se fossem analgésicos.

-Hahahaha! E se você pressionar o lugar que dói com os dedos a dor aumenta?

Sim.

-Acredito que a sua dor seja muscular, apenas, por isso que as lágrimas analgésicas aliviam. Mesmo assim vou te examinar e fazer um eletrocardiograma, tudo bem?

Sim. Mas não dói né?

- Não dói, eu nunca lhe machucaria meu amor.

Nossa! Você mal conhece as dores do meu coração e me chama de meu amor pela segunda vez em menos de trinta minutos. Imagino que o seu conceito de coração é que ele seja apenas um músculo que pulsa e tem uma válvula mitral.

- Não. É que te chamar de meu amor dá um sopro no meu coração. É algo esquisito, mas gostei.

Hahahahaha. Eu não acredito no que estou ouvindo, mas é bom haver essa descontração que me distrai. Até porque isso não existe, olhe, tenho uma tatuagem no ombro, sofro por um canalha, sou arrogante e provavelmente cardíaca. Eu não vejo nada de atraente nesse conjunto.

- Vou lhe explicar enquanto te ausculto e faço o exame.

Explicar o quê?

-Explicar que tem coisas que não se explicam. Que eu posso perfeitamente gostar da arrogância de todas as respostas que me deu até aqui.

Impossível! Mas eu só quero que explique a minha dor, quero ficar boa. Só vim até aqui por isso. Ouvir falar que você é muito bom.

-Obrigada pelo primeiro elogio. Olhe, inicialmente você não tem nada além de uma pequena inflamação muscular.

Nossa, que bom! Já vou embora. Foi um prazer!

- Espere meu amor, preciso te passar um remédio.

Você sempre ama os seus pacientes?

- Não e você não imagina o risco que estou correndo com você. Posso te ligar pra saber se está tudo bem?

Não, deixe que eu te ligo. Tenho o número do telefone da clinica.

- Tudo bem, tchau moça, espero que melhore.

Tchau, amor, foi um prazer.

- Amor? Hahahaha. Me ligue o mais rápido, mas passe bem!

[acabou a consulta e ela saiu achando que tinha confiado em um louco para cuidar do seu principal músculo vital. Ela não sentiu mais nada depois daquele dia, nem o ligou]

ESCUTE FOLK NOS DIAS CINZAS


Pode ser que o clima resolva improvisar e até proporcionar algo de bom nos dias que o sol se esconder, o que não é comum. Então você acorda com um smog imóvel no céu da janela do seu quarto e sabe, com toda a certeza desse mundo, que qualquer som que toque no seu aparelho portátil irá remeter àquele dia que você beijava [com a melhor das intenções] um cara [mal] intencionado. E pra não ficar sofrendo definitivamente por quem não presta é bom não ouvir música e ir assistir os Simpsons, ouvir, portanto um folk[isso mesmo] que não tenha pedras que rolem, e ver que existe muitas coisas além de fábrica de asfalto e montadora de motores de carros velozes para distrair as suas frustrações mal interpretadas e [analiticamente] insuperáveis.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Velho, um medo.





“whole world's come undone
lookin' straight at the sun”

Não existia mais nada além da tentativa de romancear uma história que já havia perdido o brilho, que não tinha mais cor.

E o que restava?

Nada além de culpa e muitas versões descabidas do que realmente houve.

Acontece que tentei assemelhar essa história à um velho e metódico rock inglês.

Nada será suficiente para ela enquanto for apenas o bastante.

Uma demonstração sutil de qualquer coisa não é demonstração. E ali qualquer coisa nunca será apenas qualquer gesto. Tudo tem nome, cor, preço e endereço.

Ali foi um álibi em meio ao descrédito dos sentimentos que rodeavam uma concepção infeliz do que seria estar bem.

Estar só pra se estar.

O medo, a solidão, a aflição.

Tudo se desfez e se refez em poucas horas de distração.

E o que seria tudo quando ela descobre que o amor não é o bastante? O amor não é nada quando se i que falta muito aqui dentro.

Uma ponte pode ser uma ligação para qualquer coisa, e essa “qualquer coisa” é ele naquela velha história.

Mais uma vez: Culpa de quem?

Lidar com fatos, com atos e sentir que seu peito agora sente apertos, alívios, sente frio, sua boca sente sede de um beijo sincero.

Nesse sentir, ela embarca numa viagem sobre trilhos que já não brilham mais; trilhos ofuscados pela ferrugem externa da umidade que o vento traz, cheio de frio e de lágrimas e de cheiros que remetem a uma manhã fria com resquícios de felicidade.

O sentido não era ele que é tão sem sentido quanto as empolgações daquela menina que não se contenta com o que está ao seu alcance.

E os trilhos enferrujados estão pra todos que decidem passar e passear. Não é só dela, nem dele.

Você procura nos papéis e testemunhos uma venda pra evitar olhar pro sol, logo pela manhã, e descobre que um meio seria fazer isso o tempo todo.

Ele volta através de um medo tolo de perdê-lo. Perder nesse caso é quase uma piada. Mas, e perder de vista?

Nessa história de medo, ela vestiu, após um pesadelo, um espartilho tamanho mínimo, e o aperto no peito ficou. Nas reminiscencias em preto e branco, já sem força e intenção alguma.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hi dude, eu preciso de um táxi




Uma energia súbita a fez recair[estranhamente] aos benefícios fraudulentos do salto alto.

O bom é que funcionou!

E essa mesma energia a levou, em plena quinta feira sem chuva, ao bar mais movimentado dessa conurbação provinciana.

Então, com tudo o que se pode expor, exposto, junto à vódka puríssima e o único cigarro que existia ali, se formava o kit sobrevivência das noites repetidas – o conjunto da abstração daquele vazio semestral que perdurava.

Tudo é bom quando uma música canta e alguns caras a cantam.

Ainda assim, havia o desejo incontido de uma visita aos sábados, acompanhada de flores. Mas isso não é admissível em estado sóbrio, apenas se deseja.

"The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest"


- Essa música aqui?!

“Anjo, o seu táxi chegou. Tem certeza que quer ir?”

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ela, hedionda.





Ela lhe usa como um escudo no próprio combate intrínseco e te jura amor quando ama não sentir amor por aquilo.

Ela te faz acreditar que essa felicidade é eterna - isso já com o passaporte no bolso.

Ela te promete o sol de Toscana com os seus beijos insanos.

Ela só quer consumir o teu vinho caro junto da tua lareira, embora seja fria.

Ela desmaia ao forjar prazer com a esperança de que aquilo acabe logo - cantando em seguida um samba de solidão.

Ela te usa quando quer prazer.

Ela não prefere as tuas costas frias para deixar suas marcas.

Ela não escolheu a tua mão evasiva para segurar seu peito.

Ela não sente pena da tua solidão macabra, da tua vida bucólica e muito menos do teu perdão acessível.

Ela simplesmente não sente.

Ela deseja no fundo que o inferno seja teu e acredita no perdão por ter amor pelo teu ouro, branco de cor, sem gosto e tão viril.

Ela ama a sombra dos aplausos que são para você.

Ela ama o olhar diferenciado, o respeito imposto, os atos heróicos e as músicas de cabaré.

Ela só espera pelas horas livres quando na mesa de um bar acende um cigarro e sussurra entre os lábios do primeiro cara que a olhar.

Ela quer que o teu mundo se dane, ela quer o teu mundo no chão, aos seus pés sobre um scarpin carmim.

Ela quer sempre unhas vermelhas para ser conjunto com os peitos e pernas expostas ao luar.

Ela bebe o seu vinho de sangue e as suas lágrimas de ácido, quando ouvindo os seus gritos ela festeja porque logo mais irá embora da sua janela.

Ela não pode te esquecer porque nunca lembra e não sabe onde estava você.

Ela abre todos os teus portões para que sejam públicos os teus lamentos.

E tudo o que é teu pra ela é pouco; prazer, emoção, dinheiro e fé.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Agora sim.



Daqui há duas horas eu vou poder estar no lugar que a gente vai ver as coisas mais verdes serem mais felizes. Vou ver a água correndo e o sol bater nos seus ombros e refletir vários ângulos. Pode ser que seja hoje que os momentos resolvam se desviar de não acontecerem e com você eu possa pintar a borboleta de azas quadradas na parede em que se apresentar. São nessas horas que o meu espírito se apronta para respirar teus ares tão outros. Hoje é o dia de diluir na paz tudo o que passou na forma de dor, de coisas que ferem o peito. Que seja amanha também o dia pra olhar para o céu e ver que em meio a tantas estrelas a gente escolhe olhar pra uma...nem sempre a maior ou a mais luminosa, mas a do brilho singular que parece ser configurada às nossas carências mazeladas pra preencher tudo o que falta. É nesse lugar que as nossas almas se acalmam e até o som dos grãos de areia em movimento me fazem música. O teu peito me faz um carnaval; o teu sussurrar são como os ventos do mês de maio. Depois de tudo isso a gente dorme e é feliz enquanto permanecemos. As coisas passam tremendo na minha vontade de ficar. Passar é fato. Amanhã é um advérbio que não passa de um dia seguinte, e hoje o frio resolve me lembrar você. Dentro de nós, podemos mudar pouquíssimas coisas, ao nosso respeito também. Nós somos do tipo de bicho dos quais podemos mudar algumas situações, mas nem todas. Podemos, muitas vezes, trocar de emprego, de roupa, de cara, trocar de cidade e até de nome. Trocar de amigos, de namorado, trocar de carro. Podemos escolher cores, escolher filmes, até o dia de morrer podemos escolher. E sabe o que nos sobra a não poder e escolher? Mudar de amor, não escolhemos o tormento da nossa vida. Dizer-te isso não implica que eu ame você, acho que não amo, isso implica que hoje, a quantidade de folhas que tem espalhadas sobre a grama, é a mesma quantidade dos dias que eu acordava achando que te amava. Isso esbarrou demais em você e acho que o seu poder não me impede de lembrar-se disso. Lembrar pode ser bom. Quis só registrar essa peripécia. Em dias como hoje eu acho uma merda estar sob o mesmo céu que você, principalmente quando o raio fica menor que 39 km. Paradoxo?! Não é não. Isso não é muita coisa, já foi, mas não é tanto.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Menino e menina




Pode-se dizer que essa tua reaparição além de agradável foi súbita e sarcástica.

Coisa boa.

No meio de um turbilhão de maus pensamentos e expectativas de vingança, de uma revida da vida, sabe?

É. Ele aparece e diz que a noite é mais propícia pra visitas.

Então eu te procuro no lugar mais indecoroso do bairro e te vejo com um sorriso tão perfeito.

Você veio ao meu encontro de um modo tão sutil, e a melhor coisa são as promessas que os seus olhos e que a sua boca não me fazem. Sabemos quais as janelas que podemos abrir.

O engraçado é que nossos ex são ex entre eles também e isso é quase um vínculo familiar.

Coisas como procurar uma casa pra você “quase” morar, ir te ver só pra ver mesmo são coisas boas e pouco provocativas, é só aquele negócio que dizem: um esforço pra estar, só para estar e super estar!

Uma coisa que não sei é se em você sobra alguma coisa para mim, já uma coisa que sei é que levará um tempo, se houver tempo, pra que você tenha alguma coisa de mim além do meu telefone e o meu nome completo.

Estou fazendo o seguinte com os meus afetos, nos momentos de presença a infinitude se implanta e isso é tudo.

Amanhã, é um advérbio que não passa do dia seguinte e não quero colocar ninguém nele, isso requer muita responsabilidade e eu não quero tê-la.

Isso não importa tanto até porque não passa de uma estratégia de sobrevivência pacífica em meio às precárias relações de amor.

O bom disso tudo é passar lá e você sorrir.

Engraçado é te falar dos meus desastrosos envolvimentos de trabalho e tu ouvir como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Eu nunca decoro o que quero te dizer e digo cada coisa louca, e você gostar disso me faz gostar de você.

Hoje o dia amanheceu cantando por que vou te ouvir, e quem sabe até te ver.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vodka e umas palavras


Ele sai pensando que fortalece as suas armas quando desvia uma rua pra não esbarrar comigo.

“Isso acontece mesmo?”

Não sei. É porque já fiz isso algumas vezes, mas só suponho e catalogo isso como uma atitude tola.

“Você parece até ser madura falando isso.”

Eu posso até não 'ser' madura, mas muita coisa sobre maturidade a gente aprende sendo infantil.

"Batendo o pé e pedindo um beijo, pedindo que 'fique comigo até amanha' – É uma espécie de 'só mais um pouco' que não será suficiente nunca."

"O desapego é um negócio cruel."

O desapego é uma modalidade de arte, e por ser assim é que achamos bonito quem o pratica, e na verdade não sabemos a essência da dor que esse negócio causa. E causa mesmo.

“Quer saber de uma coisa? Eu acredito que ele desvie mesmo o caminho pra não encontrar com você. E acho mais, embora seja só achismo, acredito que ele tenta não sentir, quando tentar não muda muita coisa. Entendeu?”

Você quis dizer que o fato dele fazer tudo para não continuar, para não estar junto, não implica que ele não goste de mim. Foi isso?

“Foi. E pelo o que vejo ele sempre foge da estrada.”

Eu não o conheço. Seria conveniente cantar pra ele uma música do Zeca que é quase um clichê de mesa de bar rodeada por mulheres desapegadas.

“Qual é a música?”

Ah sim! Essa: 'de você, sei quase nada, pra onde vai nem porquê veio, nem mesmo sei qual é a parte da tua estrada no meu caminho'...

“E o que você entende disso tudo?”

Háháhá! Eu não entendo absolutamente nada e passei a não compreender, também, os meus instintos e anseios.

“Espero que essa situação em que você está não te faça mudar a idéia de amar. Não acredito que ele fosse a pessoa certa a estar com você, se fosse, estaria com você. Ele deve ter lá as suas razões. Procure entendê-lo, não sinta raiva, e ame todas as vezes que der certo.”

Ei, não vou mudar – tá me chamando de fraca? Olhe, embora eu não veja a flexibilidade como um defeito, eu poderia tranquilamente mudar de opinião e repudiar sentir amor. Mas amar é bom. Eu gosto. E lembra daquela vez que tu perguntou porque eu queria um cachorro? Eu te disse que é porque eu queria produzir mais amor, amar mais.

“Lembro não, lembro de você falando essas coisas mas não sabia que era por causa de um cachorro. Eu pensava que você estivesse falando de um dos seus cachorros – entendeu o trocadilho?”

É, mas eu falava de cachorros racionais. Ei... não acho conveniente esse trocadilho!

“Tô vendo que estamos bebendo pouco dessa vez, ainda estou lúcido e não consigo fazer comentários críticos sobre Bruna Surfistinha. Pede mais vodka pro teu amigo ai. Pede o litro, mas vê se dessa vez não joga a garrafa no asfalto.”

Não corte as minhas empolgações, eu odeio isso!

“Eu adoro o seu ódio.”

Também adoro, isso me faz menos mal que o meu amor. Acredite!

domingo, 24 de abril de 2011

Era um querer.

O quanto eu queria, só desviava o desejo com um céu noite a fora
Só pensava em esquecer, sem saber que o tempo todo se remetia a lembrar
Nas noites eu bagunçava a minha alma, via todas as caras
De dia você me inebriava com sonhos de sol, de realidade
Me conta dos livros, das massas, das origens e das viagens
Eu não me conformava em não ter e repetia toda baderna
Achava que resolvia, que sequência
Mas você estava o tempo todo ali...
Não sei o que eu pensava disso tudo
Se lamentava, se me ajudava, se me amava
Eu também estava ali, pobre consequente do que você me dava
Eu me enganava com os sons nas praias, com o luar de lá
Você não me dizia, você nem mais falava
Mas aquela lua na sacada da tua casa
A tuas mãos nos meus cabelos, o som da morte de original of the spicies
O meu orgulho e a minha indignação
Foram conjuntos, foram os momentos
Se foram, né?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fácil?

Saber que você está logo ali e nada posso fazer; Escutar uma música que é apropriadamente sua e deixar isso como está;

Ler coisas suas e instantaneamente vestir um espartilho que não cabe o meu peito;

Não conseguir sair da estrada sangrenta e asfaltada do destino que acaba por esbarrar em você...

Difícil é sentar de frente pra você e se concentrar em um porta guardanapos só pra evitar os teus olhos

Não importa quantos minutos foram que passamos na mesma sala, em algum momento casual, isso vai atrapalhar a minha semana inteira.

O pior é que todos os meus amigos, os meus verbos e a minha lei também são coisas suas.

A minha vida desmorona todos os dias quando tento esquecer-se do pouco que você esteve na minha vida, do estrago que findou e chego próximo à loucura ao pensar no quanto isso ainda pode durar.

Então você acha que é fácil ?

Parece simples não ter nenhum motivo para voltar pra casa e deitar numa cama que não traz o sono.

Você deve ter sempre um motivo diferente pra voltar pra sua cama.

Pensar nisso acaba com o meu sol, com as lágrimas, com o inverno que me era bom.

Isso acaba com a minha perspectiva de mundo e você não sabe como eu odeio tudo isso.

Então, cada passo, cada toque, cada letra, manifestação e foto doem de um jeito que eu não posso dizer nada, porque não posso sofrer, e sou de ferro.

Intercedo a algum anjo caridoso que me distraia com as mazelas da vida alheia pra que eu sinta piedade e me afaste do ódio de não te ter.

Vez por outra eu passo a imaginar como sou tola, como fui patética me permitindo a participar do seu exaustivo e mesmo ritual...

Mesmos lugares, a mesma história do “vai ser melhor pra você”, a sua casa, uma conversa ridícula, não sei se as mesmas músicas pra lembrar ou fazer amor, ou acordar, disso eu não sei, mas muito se sabe e eu lamento muito.

Não é fácil acordar todos os dias com uma missão e ir dormir derrotada.

É preciso uma força misteriosa e divina pra sonhar que isso um dia acaba, e mais ainda pra evitar inverter o papel e nunca mais amar ser parte da vida de outra pessoa.

É horrível saber que durante nove meses e vinte seis dias você esteve comigo de um modo insuportável, me fazendo mal, me fazendo ser hipócrita e inconseqüente.

Quanta vontade eu já tive de pegar o carro e sair desesperadamente pra bater na tua porta.

Se eu enlouquecer não quero ficar solta nas ruas, não permita.

E como em poucas vezes na vida, eu não sei o que fazer por que isso não passa.

Eu quero tanto que você vá embora, como nunca quis.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Indo pra casa

Hoje a estrada me convidava à solidão.

A música me dizia que a vida é uma diversão ilusória, e muito boa, diga-se de passagem.

E numa parte do caminho estava em construção e nela as pedras batiam embaixo do carro e isso além de me dar uma gastura louca, me dava vontade de ir mais rápido, de sair da estrada e estar em casa.

Ficar a sós com os meus pensamentos que agora são bons e sãos; isso é muito bom. Estar comigo é a melhor coisa.

Se algo permanecesse, gotaria que fosse tal momento.

domingo, 27 de março de 2011

Ouvir você



A tua voz dizia que iria colocar Bob na mochila pra não esquecer de mim.

O meu sono, a tua voz...eu só queria que você falasse um bom dia.

Você só dizia: tchaw, beijo. Nosso perecido beijo de até mais.

Ele não dorme aqui por dentro, ele não morre por fora nessa vida errante.

Aquela voz me faz bem, é uma dádiva ainda a suportar.

Dádiva? É.

O universo é impreciso demais para dizer que amo alguém...

Mas ele faz com que os destinos se cumpram, é incrível.

Parece filme turco, cheio de promessas, a nossa vida!

Hoje eu percebi a frenesi das coisas do dia.

Você ainda é todo meu, quem me diz o tempo inteiro é
a tua voz.

domingo, 13 de março de 2011

Não ser

Continuando, vendo e tentado a cada dia fazer de você um pouco menos.

Eu não sei em que lado dualístico catalogo a esperança, se bem ou se mal. Ela que me faz tão mal quando abro as tuas palavras onde nunca estou presentes.

Dói sentir, que nunca consegui ser nada para você, ou coisa qualquer, é uma dor física mesmo saber que por mim, nunca se foi além, nem ali.

Chorar talvez me tornasse um pouco mais ridícula. Continuar me tornaria um pouco mais Dom Quixote [ já vivi isso].

Depois de não ser percebida, importada, de ser tão nada, não se queira mais nada dessa vida.
Vida de espasmos, euforias, efusividade e sons, onde tantas pedras rolam...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Despedida

Ela decidiu ir até lá, estacionou o carro na praça central e pegou um táxi. Depois de um tempo pediu que o motorista parasse um pouco antes do combinado, seguindo a pé na rua mais deserta.
Foi preciso muita coragem pra estar ali novamente, naquela casa de portões tão largos e ostensivos.
Após dois minutos ele aparece no jardim, parecia sentir a presença dela.
-Posso entrar?- Ela indagou.
-Posso deixar... Você me ajuda a apanhar os jambos?
Aquilo era uma tentativa de esconder a angústia que habitava por volta das quatro da tarde.
Então ela responde:
- Acredito que seja apanhando jambos o melhor modo de te dizer o que me trouxe aqui.
-Ah, então dessa vez tem um motivo?
-Tem, acredito ser o último e único motivo que me traria aqui.
-Então não deveria ter vindo. Eu prefiro quando você não está aqui. Você não deveria estar em lugar nenhum.
Ela não esperava escutar estes desejos antes de começar a falar. Mas prosseguiu fingindo ser irrelevante aquele balbucio.
-Bom, mas eu estou, e em vários lugares, inclusive aqui, onde você também está.
-Dá pra falar logo de uma vez o que quer? Porque se veio falar de coisas que me façam perceber a merda que eu sou, pode se calar e ir embora. Você já me convenceu...
-Não. Vou me casar sábado e queria que você soubesse.
Aquilo parecia ser irrelevante diante da procura de um lugar pra sentar naquele jardim imenso. Mas ele voltou o olhar pra ela e os seus olhos pareciam gritar de dor.
-Por que veio me dizer? Achou mesmo que iria me importar com a sua vida? Faça o que quiser dela. De tudo, talvez eu vá lembrar que você existe quando encontrar uma reportagem policial em algum jornal de quinta.
-Vim te falar porque lhe respeito e acredito que agora esse suplício tenha um fim de verdade, com apenas um ponto final; Um fim contundente para nós dois.
-Você é louca. Acredita mesmo que é um ser superior a tudo... Eu não sinto nada por você, e a maior das suas loucuras é achar que existe algo ente a gente. Não há nada, é tudo fruto da sua imaginação tão fértil.
-Para! Eu não quero saber como você considera o que aconteceu entre a gente. Mas você é importante pra mim e é apenas por isso que estou aqui. – Não é fácil dar um rumo a sua vida e a outras vidas...
- Moça, eu espero muito que você não venha me trazer fotos dos seus filhos na parede da felicidade da casa que planejávamos ter...
-Não, não vou.
Dos olhos dele caiam lágrimas grossas e velozes e ele não fazia questão de escondê-las. Ela apertava os dedos olhando para o chão como se assistisse à dor que habitava no seu peito.
-Essa vida é uma merda! - Disse ele.
-Não, não é! A gente esqueceu-se de se amar.
O rapaz ergue a cabeça como se estivesse encontrado uma força súbita e fala quase sem conseguir, como se as palavras pesassem toneladas.
-Eu te amei muito, nunca te falei, mas acho que esse é o tempo que me resta pra dizer isso. Tenho inveja desse cara que vai cuidar de você, que os seus filhos vão chamar de pai...
-Só vim até aqui porque você ainda é a coisa mais importante da minha vida. Eu te amo e isso não cabe em mim, não caberia em você também, por isso acredito que será mais fácil a gente não ser nada, só existirmos separadamente.
Ele empurrava os pés na grama como se isso afastasse ou aliviasse alguma coisa.
-Vá embora e esqueça o meu nome, minhas músicas, as neuroses, esqueça que alguém riscou os seus livros, as suas pernas, e os seus seios com frases de amor. Esqueça tudo e não guarde nada.
- Vou tentar.
Ele levou as mãos até os cabelos e sussurrou ares de dores mortais, depois gritou:
-Vá embora, por favor.
O céu estava quase escuro, mas ainda foi possível gravar a imagem daquele fim de tarde cinza, deu pra fixar na memória aqueles olhos tristes que se afogavam nas águas dramáticas dos relacionamentos carnais.
Então, antes de sair na companhia de uma bolsa gigante ela ajoelhou-se e o beijou na testa, jurando amá-lo pra sempre.
Aquela tarde eternizou-se implantando a utopia de felicidade na vida daqueles dois seres demasiadamente humanos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Naquele dia e hoje.

Chega o momento em que é necessário perceber que não dá mais. Chega a hora de parar. E algum dia essa hora chega mesmo!
Pode ser que o instante exato de amadurecer seja oriundo do mais devastador avalanche de todos os invernos, e não há muito o que se fazer a não ser aceitar.
As palavras ajudam a aliviar o nó imaginário do nosso estômago.
É tão ruim. Chorar não resolve nada além de consolar a parte física que dói.
Diante dessa situação de perda, ou de admissão de perdas pretéritas, o novo é esperançoso mas dá sempre aquele medo pelo fato de ser desconhecido.
A gente cai, rala um joelho, depois cai, rala o outro...depois passa a ferir outras coisas, até a fratura exposta. De tal modo acontece com a alma.
Eu não quero me atrelar as coisas que deixaram de existir, elas saíram do plano real, nem aos medos, nem a nada. Também não é um dos meus desejos sair por ai ferindo as pessoas em decorrência da minha fraqueza humana, a final, isso não está restrito a minha pessoa, tal coisa é natural.
Os problemas ganham dimensões diante das situações. Mas perder é sempre um dano, pode até não causar responsabilidade civil e ser dentro de um plano lógico, irreparável.
Esse texto é louco. Não se sabe ao certo o que quero dizer, não diferindo muito dos outros, mas é isso. As palavras ecoam diante da tristeza dos fatos, o que é comum, mas não ter o que amamos é a pior das frustrações, e é preciso buscar evoluir o espírito para suportar as diversas mazelas humanas que nos cabe.
É isso, temos que nos preparar todos os dias para quebrar e viver sem tudo aquilo que consideramos essencial.
Tudo passa e nada vale nada.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fazer o quê?

Não dá pra saber, "nunca se sabe".
“Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.”

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Olhe-o

Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro.

(Caio Fernando Abreu)

Humano, demasiado Humano

A esperança
- Pandora trouxe o vaso que continha os males e o abriu. Era o presente dos deuses aos homens, exteriormente um presente belo e sedutor, denominado de "vaso da felicidade". E todos os males, seres vivos alados, escaparam voando: desde então vagueiam e prejudicam os homens dia e noite. Um único mal ainda não saíra do recipiente; então, seguindo a vontade de Zeus, Pandora repôs a tampa, e ele permaneceu dentro.
O homem tem agora para sempre o vaso da felicidade, e pensa maravilhas do tesouro que nele pessui; este se acha à sua disposição: ele o abre quando quer; pois não sabe que Pandora lhe trouxe o recipiente dos males, e para ele o mal que restou é o maior dos bens - é a esperança. - Zeus quis que os homens, por mais torturados fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Hoje

Ela o amava. Ele a amava também. E ainda, que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.


Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Era tudo...

Não dava pra imaginar que o tempo iria passar tão rápido em relação a você.
Eu não me dei conta disso.
Acontece que quando você me liga o meu coração não acelera mais.
A tua voz, mansa, me dá vontade de te dizer que está tudo bem, que eu te perdoo pelas mágoas e outras coisas.
Está tudo bem de verdade!
Não eram os meus livros, as minhas músicas nem os meus vícios que te prenderia a mim.
Foi tudo falta de amor, excesso de afeto, compaixão pelo teu futuro deplorável (que mudou), o que nos afastou tanto.
Você está acordando cedo, você está um pouco mais preocupado com o outro dia.
E eu vejo que continuo sendo aquele teu porto que você só volta para logo após seguir em outra viagem.
Isso não muda mais os meus ânimos. Comodidade? Não. O motivo é que não muda nada mesmo.
Eu não sei se você ainda lê essas coisas, mas se lê, deve ter notado a mudança de protagonista nas minhas tramas. Andei refletindo e distinguindo o bem do mal, o perto do longe, o real do imaginário.
Então os meus problemas passaram a ser mais reais e menos ilusórios.
Depois disso chega a conclusão: eu não te amava, acho que te fiz a minha obsessão.
Eu descobri o amor entre quatro paredes habitadas pelos problemas mais podres e miseráveis do homem.
O amor esbarrou em mim sem que eu me permitisse isso e fosse atrás...
E doeu tanto quando eu perdi esse amor, cessou tudo, as minhas ambições, meus vícios, mudou tudo e se materializou em dor física.
De fato, eu não amava você, acho que agora sei o que é amor, e o que resta a nos sobrar?
Estamos por ver.
Quando a gente se encontrar isso vai existir, então, só assim iremos saber o que fazer com o peso que vai pender em nossas faces...
Tantas mágoas, tantos erros, alguns “para sempre” e outros “nunca mais”. A insignificância que colocávamos nas nossas palavras se rescindiam diante do reencontro.
E a amizade que ficou por um triz?
É justamente por isso tudo que nos daremos a oportunidade de um dia ainda sermos, sensatos quanto aos infortúnios que a vida nos puser e ficar de bem com as escolhas de cada um, sejam elas quais forem.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Smile

Eu escuto 5x smile enquanto tomo banho, mais 3x enquanto me troco...isso não muda nada.
Muitas vezes sou inconveniente rindo do que é sério, sofrendo pelo o que não presta.
Acabei percebendo que são essas neuroses que me fazem ser "pessoa", ao menos eu tenho coragem de sentir, é...de sentir sabe? Nem todo mundo sabe o que é sentir.
Sou cheia de erros e de vícios banais.
Acredito em mudanças súbitas, mas isso é só porque acontece comigo.
Eu pensei que morava longe, mas longe moro é hoje.
Descobri com a vida, com os médicos e com os meus amigos que eu suporto qualquer coisa.
Certa vez passei três dias bebendo pra não lembrar que eu não sou o que alguém queria...
Não adianta... segunda feira chega voando!
Poucas coisas me dão sono, tenho pouca paciência quando as coisas são poucas.
O meu pai me ensinou que gostar de meios termos é a mesma coisa que ser medíocre.
Insistir é voltar a acreditar. Os erros são cíclicos e eles são para todos.
Nem todas as vezes que acordo eu percebo que isso aconteceu, mas sempre que deito eu agradeço à alguém por ter preenchido o meu dia de ocupações, de boas conversas, de vinho quente, ou até de nada mesmo, eu adoro estar à sós comigo, sou uma boa companhia.
Então, escuto smile e durmo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Então 2011.

Avaliar o fim dos 365 dias cíclicos é sempre sacal, nunca muda.
Passou-se mais um natal e coisas nobres a se desejar, inclusive, sentimentos.

Hoje o dia amanheceu cheio de stress e reclamações, coisas típicas que me trazem aqui.
A retomada inicia-se com a decisão de não ser tão severa quanto ao meu próprio sexo, quanto às minhas vontades, quanto au padrão do certo e do errado, nem sei ainda o que vou tentar ser mais, contudo, serei menos severa, isso sim.

Tudo começa com as minhas camisetas novas, com a revista nova que traz uma receita de como viver sem nostalgia [isso é ótimo e reconstrutivo], estou acordando com espírito de inovar a minha rotina.

Há alguns dias tive tempo livre, andei cortando as minhas próprias unhas, pensei no que menos devo fazer e no que realmente estou fazendo. Conclusão: Não é bom pensar tanto.
Então vemos pedir ao novo ano!

Se é pra pedir, ÔÔÔ 2011...eu quero atividades mais individuais, quero poder estar mais comigo nesses dias, quero amor de leve, música fria, vida sadia, sabe? Não quero desespero, nem tanta solidão, eu quero mais dramas, mais vinhos quentes na casa do meu irmão, quero dormir quando tiver sono e não quando estiver bêbada. Esse ano eu quero estudar menos e aprender mais.
Esses pedidos são como se fossem intrínsecos, eles estão aqui pra ter mais força, é o negócio da materialização [resquícios da física quântica da turma ITA]. É só isso, nesse comecinho de dias novos, estar de bem consigo é tudo o que há!