sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aniversário.



Amanhã é o meu aniversário!


Em outros anos eu encarava isso com bem mais caretice e inúmeros complexos de inferioridade. Parecia uma louca cobrando demonstrações públicas de afeto, querendo que a minha mãe me desse um presente extra caro [não bastava ser carinho tinha que ser extra caro], queria um grude, que todo mundo grudasse em mim. Isso passou, até a questão do grude!

Foram vários anos e passei por poucas e boas. Em um deles a mãe de uma amiga minha faleceu e isso me marcou pra sempre, eu lembro sempre e me sinto com o dever de virar anjo dela. A dor foi tão complicada porque enquanto eu compartilhava aquele sofrimento os meus amigos faziam brigadeiro, pipoca e jogavam PS no meu AP, no andar de cima.

Ano passado eu entrei o meu aniversário na casa de umas amigas, ganhei os presentes mais bizarros, tipo, muito bizarros: vela de papai Noel [mês de janeiro], pé de pimenta, cola maluca, uma caixinha de jóia sem a jóia...Foi tudo mágico! Bebi muito. Em meio a seis bilhões de pessoas liguei pra um idiota e disse que o amava, Ele disse "me too". Chorei por que queria o meu pai, a minha prima, também queria Elvys. E chorava mais ainda porque ainda tinha consciência pra perceber que eles não voltam.

Nesses anos fui acumulando muita coisa, não como uma "obstrução", mas como construção. Ninguém presta, todos são humanos e nojentos e isso me inclui. Acredito estar menos hipócrita e abstraindo mais o quê faz mal. Estou dando mais espaço pras pessoas me conquistarem.

E o amor? Aos 23 não amei. Isso me ensinou a respeitar o fim das coisas. Vi o outro lado que eu sempre julgava. Mas isso não fez de mim leviana. Não. Continuo planejando ter alguém pra eu cortar as unhas dos pés e que converse muito comigo, mesmo que isso demore!

Vejo muita responsabilidade em ter vinte e poucos anos. É como se estivesse incumbida da obrigação de construir o futuro com o tormento da saudade e tentação da irresponsabilidade do passado. Não me entenda mal, na juventude a minha responsabilidade [geralmente] esteve ligada à notas e atividades intra curriculares. Hoje, não só.


Os aniversários são mágicos, eles ficam matutando isso na sua cabeça o dia todo. O tempo todo!

Nesses anos eu vejo com mais clareza o significado de cada ligação, dos doces, dos abraços, das palavras, dos balões!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Intuição.


No início pareceu tormentoso ver dezembro ir embora tão bem e no findar desses dias tépidos implantar-se uma dúvida nos meus planos - dotada da covardia que costuma acompanhar as dúvidas. E tudo continuou bem não tendo estado em um trampolim de dúvidas; De algo que a fez questionar princípios, rever conceitos, de ser leviana de não agüentar a si e encher-se de álcool por não suportar-se naquele dia, um dos últimos dias.

Ela costuma usar o álcool para afastar-se de se, estar sã, inconsciente porque a ciência às vezes estraga o prazer, a vida. Mas naquelas horas nem o oráculo [criminólogo] a ajudou.

Ela parou para analiticamente poder ver as distorções das coisas que já são moldadas. E lamentou as desintenções que provocava tanta coisa. E ali haviam planos e estratégias tão simples, de fazer algo, apenas algo.

E nessa história entra tanta coisa importante além de uma achismo medíocre e uma crise de auto confiança. Isso passaria nas minhas costas. Implantava-se no doce dezembro tão cheio de travessuras a responsabilidade de opinar, de continuar ou parar.

Por horas a sinceridade dela esteve confusa e não dava espaço para a intuição. Não havia nada de grave até ali, a não ser o que fosse deixar de acontecer. Passou-se então a entender como os sonhos e projetos se desfazem, pelo medo irresponsável do pesadelo alheio, pela despadronização dos modos, dos laços, pelo desuso da intuição na era da nanotectonogia.

Então bebeu-se mais, foi pra longe, perdeu o sono. Reutilizou a intuição; o ver “dar certo” na perspectiva alheia e criar planos é algo muito sério. Ela percebeu isso. Percebeu-se que em meio a tudo isso havia uma ligação sadia e boa. Até hoje isso é unilateral, mas ela prefere acreditar nessa assertiva. Acreditar que algumas quedas fortalecem as vértebras. Que as razões são muitas vezes descabidas e que por medo ou preguiça deixamos de realizar.

E foi por algo tão antigo e abandonado que ela resolve continuar, a intuição.

Ela acredita que desde o início a intuição tem sido a base de tudo, e vai continuar assim, até onde for,em prol de algo que intuitivamente parece bom e importante. E quando tudo acabou e pronto. Ela respeita isso crendo que respeitar o fim das coisas trata-se de uma arte. E tudo vai bastar pelo que foi.

Ela não mudou de planos porque acredita no que via, na áurea da pessoa, acredita no bem e sem maldade insiste nisso sem medo dos contra- argumentos em demasias.

domingo, 1 de janeiro de 2012

2011



2011 a felicidade não esbarrou apenas em mim, mas em quem quis se encostar, tomá-la emprestada, compartilhar, em quem quis apenas sonhar. A felicidade passou de intensão, de papel de parede, de notas fiscais, rascunhos e contra fé. Ela esteve na hora do almoço, nas “três da tarde”, no tanque seco e nas luzes de neon. A felicidade esteve nas degustações de safras boas e ruins. Esteve nas terças feiras mágicas do nosso tempo. Ela esteve na nossa falta de tempo. Feliz se fez uma outra quinta feira sofisticada ao som de Dylan e Sinatra que me fizeram molhar os lábios ativos, tudo se fez.


2011 dançou no reggae, blues, tango e principalmente o meu preto rock’n holl, nele dançou-se muito. Sem se falar nos sábados de garoa sem sinfonia, das tardes de domingo cinzas e sem alegrias, mas sempre passaram como o moço do algodão doce, cantando.


E nas paredes de alecrim do Chile, Santiago e suas estupidez amareladas e sem o gosto da Dalí. Mas nada isso explica da minha vida que viajou rotinas diárias desse 2011 perfumado nas manhãs montanhosas e nas curvas sinuosas do medo confiante. E esses dias passaram mas teve adeus sem despedidas [e o melhor avô do mundo resolveu juntar toda família para sentir saudade]. Teve amor de adolescência que fez-se fim num acidente numa triste estrada. Teve amor que [pra variar] veio de longe só para provocar. 2011 também teve romance esnobe porque tem gente que ainda não aprendeu a amar.


E 2012?! Ah, a partir de hoje, tudo é propósito. Porque a partir de hoje há uns trezentos e sessenta e seis dias para escandalizar a falta de compromisso com o [des]caso. Porque a partir de hoje tudo é muito pessoal. Tanto, que Chico [o Buarque] já marcou para março seu pedido de desculpas por não ter comparecido em 2011. Já o desculpei pela ausência e prometi amor eterno. Sim, confesso: sou do tipinho que se envolve com planos breves de felicidade, ainda mais quando ela vem em terças-feiras musicadas, em gente disponível de verdade, em lugares que me permitam além da sala de estar. 2012, meu caro, seja suficiente, seja doce e imperativo para ser melhor que 2011.