
Houve um dia em que sair pelas calçadas largas das ruas de Fortaleza abstraía grande parte da solidão de estar sozinha, sozinho, de estar a sós... E observar algum episódio da vida de pessoas, que eu não sei quem são, me fazia um bem danado, tudo isso por volta da vulgar três da tarde. Eu melhorava a ofegante angustia que me visitava com freqüência nos dias [sem] rotina.
Olhar amores e desamores; as pessoas brigam e muitas vezes estragam momentos hiper planejados e ensaiados, outras, nem percebem que esses momentos acontecem e deixam tudo desperceber. Eu ficava naquelas calçadas vivendo a vida dos outros por imagem e concluindo, através de camadas e camadas de hipocrisia, que o fato de eu ter com quem sair sábado a noite não excluía a minha solidão, aquele vácuo de ter alguém só pra ter alguém. Quando no meio de tudo isso Zeca Baleiro cantava ironicamente, com um exagero sacal, assim: “meu amor, minha flor, minha menina, solidão não cura com aspirina...”, pensei nisso e agi.
Mudei muita coisa, inclusive me desvesti daquela camada hipócrita que era a idéia de que eu não estava só. Fiquei só de verdade, mas encontrei o que fazer todos os sábados à tarde além de estudar embriologia e física quântica. E foi nessas tardes de sábados qualquer que encontrei uma palestra do Luiz Fernando Veríssimo pra ir e sem pagar nada. Isso foi sursis na minha vida!
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